Brumadinho: Tragédia já contabiliza 09 mortos e 300 desaparecidos
O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais registrou, até o início da madrugada de hoje (26), nove mortes em decorrência do rompimento de uma barragem de rejeitos da mineradora Vale, no município de Brumadinho. O último balanço da corporação informa ainda o resgate de nove pessoas retiradas com vida da lama de rejeitos e de cerca de 100 pessoas que estavam ilhadas.
A mineradora divulgou, na manhã de hoje, uma lista com o nome das pessoas que não fizeram contato desde o rompimento da barragem. Mais de 400 pessoas, entre funcionários do quadro e terceirizados, integram o levantamento da mineradora.
RESUMO
- Uma barragem da mineradora Vale se rompeu ontem em Brumadinho (MG), e um mar de lama destruiu casas da região .
- Rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco.
- Até o momento, há confirmação de 9 mortos; 7 corpos já foram retirados do local. A primeira pessoa morta identificada é Marcele Porto Cangussu.
- Há ainda 299 desaparecidos, segundo os bombeiros. Os trabalhos de resgates devem durar semanas.
- Governo federal montou gabinete de crise; Bolsonaro sobrevoou a área na manhã deste sábado.
Dos 345 desaparecidos, 46 foram encontrados e encaminhados para unidades de saúde, segundo boletim das forças integradas de segurança, formadas por Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Defesa Civil.
Permanecem desaparecidas 299 pessoas e nove mortes foram confirmadas, de acordo com o comunicado. São 86 famílias cadastradas em zonas de alto salvamento (treinamento em ponto alto para serem socorridas). Destas 86 famílias, duas foram contatadas e resgatadas.
As outras famílias permanecem aguardando, devido à ausência de energia elétrica, sinal de telefonia e internet.
Justiça determina bloqueio de R$ 1 bilhão da Vale após desastre –
O juiz Renan Chaves Carreira Machado, responsável pelo plantão judicial em Belo Horizonte, determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão da mineradora Vale. O montante, de acordo com a decisão, deve ser depositado numa conta judicial. A medida foi tomada após o rompimento de uma barragem de rejeitos da empresa, em Brumadinho (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte.
No texto, o magistrado se refere à tragédia no interior do estado como um evento com grave repercussão ambiental e elevado número de vítimas, de alcance ainda desconhecido. “Há um desastre humano e ambiental a exigir a destinação de recursos materiais para imediato e efetivo amparo às vítimas e redução das consequências”, destacou.
Presidente da Vale: tragédia de Brumadinho é mais humana que ambiental

O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, disse na noite de hoje (25) que o rompimento da barragem na Mina Feijão, em Brumadinho (MG), terá um impacto mais humana do que ambiental. Segundo ele, a maior parte das vítimas são funcionários da empresa. “Dessa vez é uma tragédia humana. Estamos falando de uma quantidade provavelmente grande de vítimas. Não sabemos quantas, mas sabemos que será um número grande”, disse.
A avaliação foi apresentada durante coletiva de imprensa ao ser questionado se o episódio se equipara à tragédia de Mariana (MG), ocorrida em novembro de 2005, quando se rompeu uma barragem da Samarco, empresa da qual a Vale é uma das acionistas. Na ocasião, 19 pessoas morreram e centenas ficaram desalojados em decorrência da destruição de comunidades. Considerada a maior tragédia ambiental do país, o episódio provocou ainda devastação de florestas e poluição da bacia do Rio Doce.
No caso do rompimento em Brumadinho, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou sete mortes e estima que cerca de 200 pessoas estão desaparecidas. A Vale não divulgou número de mortes. “Mas certamente haverão”, disse Schvartsman.
De outro lado, o presidente da Vale avalia que o dano ambiental será menor em comparação com o ocorrido na tragédia de Mariana. “Como a barragem era inativa, o material era razoavelmente seco. E consequentemente, ele não tem poder de se deslocar por longas regiões. A parte ambiental deve ser muito menor e a parte humana terrível”, reiterou. Segundo ele, o rejeito não irá além de onde ele está nesse momento.
Schvartsman informou que haviam cerca de 300 funcionários próprios e terceirizados na Mina Feijão quando houve o rompimento. Parte deles estava em um refeitório, que foi soterrado, mas pelo menos 100 foram localizados. O presidente da Vale não soube dizer com segurança o que houve com o sistema de sirenes estruturado para avisar previamente a ocorrência de acidentes. “É provável que elas tenham funcionado, mas a velocidade com que isso ocorreu impediu que se tivesse qualquer benefício”.
A Vale organizou um gabinete de crise com a participação de seus diretores. Schvartsman viaja ainda hoje para Brumadinho. Segundo ele, não serão poupados esforços para atender as vítimas. Assistentes sociais e psicólogos já estariam à disposição.
O presidente da Vale disse ser ainda cedo para entender o que aconteceu e está dilacerado e surpreso com a tragédia. “Esta barragem estava inativa, não recebia mais material. Há mais de três anos ela não opera e estava em processo de descomissionamento [procedimento de eliminação de uma infraestrutura depois de atingir a sua vida útil]”.
Schvartsman disse que em, 26 de setembro de 2018, a estabilidade da barragem na Mina Feijão foi atestada em auditoria da empresa alemã Tüv Süd e que uma leitura dos monitores feita no último dia 10 não mostrou irregularidades.
O presidente informou que o rejeito era composto de sílica e que a capacidade da barragem era de 12 milhões de metros cúbicos, mas ainda não há informação clara sobre o volume que vazou e nem mesmo se a estrutura operava em seu limite. Segundo ele, o material vazado alcançou uma segunda barragem que transbordou, mas não se rompeu. Para comparação, na tragédia de Mariana, 39 milhões de metros cúbicos de rejeito se dispersaram pelo meio ambiente.